Programa de Acompanhamento a ministros e ministras promove seminário de preparação à aposentadoria

23/06/2016

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Entre 21 e 23 de junho de 2016 aconteceu o Seminário de preparação para a aposentadoria na Casa Matriz de Diaconisas em São Leopoldo, seminário que integra o Programa de Acompanhamento de ministros e ministras, para o qual foram convidados ministros e ministras sexagenárias.

O P. Presidente Nestor Paulo Friedrich saudou colegas presentes, assim como a iniciativa que permite que colegas se encontrem, partilhem de sua experiência e construam passos para um momento importante da vida que está à frente. Disse que, quando foi eleito, chamou os Jetros para um ouvir suas sugestões (fazendo referência ao sogro de Moisés, Jetro, que aconselhou seu genro a distribuir tarefas com as quais estava se sobrecarregando). Enfatizou que certamente a tarefa da pessoa ordenada não termina quando a pessoa se aposenta e citou exemplos de ministros/as que, mesmo aposentados/as, continuam com seu trabalho voluntário nas comunidades.

Em sua meditação, o Secretário do Ministério com Ordenação enfatizou que a Bíblia valoriza a experiência das pessoas, e que o mesmo se espera de uma sociedade bem estruturada assim como da igreja. Disse que a preparação para a aposentadoria requer planejamento e a busca pela resposta do sentido de nossa vida. Neste sentido, a preparação não deve começar aos 60 anos, mas deve fazer parte de nossa preocupação desde o início do trabalho.

Ao se apresentar ao grupo, a psicóloga Simone Bracht Burmeister compartilhou que a sua aproximação com a IECLB deu-se através da Revista Novo Olhar, à qual teve acesso na Biblioteca do Colégio P. Dohms em Porto Alegre. É autora do livro “Família e Pessoa e Idosa - Reflexão e Orientação” lançado pela Editora Sinodal. Convidada como assessora do Seminário motivou cada participante a desenhar sua linha de vida numa folha, naquilo que está relacionado ao seu trabalho. Cada pessoa teve oportunidade de apresentar sua trajetória. Foi significativo perceber a evolução de cada um, desde seu chamado para o estudo à riqueza de experiências vivenciadas em comunidades de norte a sul do país, assim como atuações que aconteceram na Argentina, Colômbia, Moçambique e Suíça.

Simone falou da importância do trabalho para a nossa vida, pois muitas vezes as pessoas são reconhecidas por sua profissão e não pelo nome. O mesmo acontece no ministério da Igreja. Em verdade isto nos alerta para um risco: a profissão nos de personifica, a gente passa a ser o profissional. Ditados populares como “o trabalho dignifica a pessoa” e “Deus ajuda a quem cedo madruga” são assimilados de tal forma que quando nos falta trabalho, entramos em crise. Realmente há muitos aspectos de nossa vida que estão vinculados ao trabalho: desde cedo somos perguntados pelo que queremos ser, passamos mais da metade de nossa vida no trabalho, sonhos são concretizados a partir da remuneração que temos do trabalho e dele depende o nosso sustento. Além disto o exercício do ministério e o trabalho, de maneira geral, nos dão o sentimento de utilidade, nos dá um status e uma série de relacionamentos e amizades.

O tema da aposentadoria está vinculado ao trabalho e foi entendido pelo grupo como: é mais uma etapa da vida, é poder ter o sábado e o domingo livres, é descanso, viver sem pressão, ter liberdade de fazer a sua agenda, oferece novas oportunidades, dá um grau de liberdade que permite fazer escolhas, é a etapa final da vida com algumas limitações, é um caminho aberto para fazer muitas coisas.

Já para a sociedade, a aposentadoria é um marco para o início da velhice, a perda de um papel na sociedade e na família, a diminuição de renda, sentimentos de inutilidade, peso para a família e para a sociedade, proximidade da morte. Antigamente a pessoa se aposentava para morrer, mas hoje conseguimos viver mais, o que levanta a pergunta pelo custo e pela conta que deve ser paga. O direito à aposentadoria é fruto da sociedade industrial. O sistema público brasileiro da aposentadoria está organizado de tal forma que é financiado pelas pessoas que trabalham. Por isto é necessário que a sociedade vigie e pressione o Estado para que este faça bem a sua tarefa de gestar com retidão estes recursos.

A aposentadoria significa a interrupção da atividade e o rompimento das relações. Este ciclo da vida é uma transição, que pode provocar crise. Mas entendemos que a crise é um momento de aprendizagem, que oferece novas oportunidades. Para fazer bem esta transição, é importante que façamos um balanço da vida: o que eu fiz, o que deixei de fazer, que experiências acumulei, no que sou bom, o que quero fazer, o que não gostei e não quero fazer mais. A aposentadoria é um momento de escolhas, como por exemplo: o que realmente tenho vontade de fazer, onde vou me estabelecer visto isto nem sempre é fácil, pois perdemos a referência de nosso lugar de origem.

Preparar-se para a aposentadoria é encará-la como uma etapa do trabalho e da vida e não como o fim dela; é necessário definir até quando vai trabalhar; planejar a nova etapa da vida de forma realista, sem abandonar os sonhos; procurar atividades produtivas, redescobrir coisas que se gosta de fazer, preparar-se para as crises comuns para esta etapa da vida, recriar um espaço na casa, nas funções e papéis familiares, dar-se tempo para o lazer e atividades físicas ou esportivas, estar alinhado com a família e planejar-se financeiramente.

A partir de um trabalho de grupos, fez um levantamento sobre as expectativas e preocupações em relação à aposentadoria. Algumas expectativas levantadas foram: ser realista, pois aos 18 anos se tinha um grande pique e aos 60 já temos limitações; estar ativo, pois é necessário ficar em atividade para que não se fique com medo de ficar doente; continuar os estudos; ter saúde; estar mais com a família; dar tempo ao tempo; viajar, melhorar o cuidado físico com exercício e caminhada; ter boa convivência em família; reintegrar-se na nova comunidade sem compromisso profissional e sem interferir.

Já como preocupações foram levantadas: problema com a saúde e com quem vai cuidar da gente, a imobilidade, o isolamento e a solidão; ter espaço para discussões teológicas e de conjuntura; estar fora da comunidade; temor com a administração das finanças e receio das coisas que virão; preocupação com a situação política do país; prevenção para manter a memória (considerando que esquecer alguma coisa não é doença). Simone complementa que é importante que se defina o que se vai fazer em que dia da semana. É necessário estabelecer relações, porque as outras pessoas não vão fazer isto por nós. Disse que normalmente as mulheres se adaptam melhor a novas realidades porque ao longo da vida sempre costumam fazer muitas coisas ao mesmo tempo.

Cada participante havia sido motivado a trazer em envelope fechado a descrição de familiares acerca de expectativas e preocupações em vista da aposentadoria. A impressão foi de que estas são muito semelhantes as que já foram apontadas pelo grupo. Burmeister complementou dizendo que isto se deve ao fato de que a realidade em que vivemos é muito semelhante e é natural que isto aconteça porque todas as pessoas envolvidas tratam dos temas da Igreja. De qualquer maneira é importante ficar atento para que nesse novo tempo seja possível harmonizar os interesses e a convivência, sobretudo do casal e da família.

O segundo dia terminou com uma sessão de cinema, no próprio local do seminário, com a exibição do filme “O Estagiário”, que conta a história de homem aposentado que se candidata a uma vaga de estagiário sênior. A sessão foi muito agradável e motivou um bom debate, que retratou diversos aspectos desta fase da vida.

A parte da manhã do dia 23 foi dedicada ao planejamento. A assessoria apresentou ferramentas de planejamento, com destaque para o método 5W2H, que apresenta as seguintes perguntas para auxiliar a planejar o futuro: O que vou fazer, por que quero fazer, quem será envolvido, quando, onde, como vou fazer e como vou pagar. Apresentou uma tabela que auxilia a fazer um gráfico para avaliar a qualidade de vida, que pergunta sobre saúde, lazer, casamento, família, amizades e finanças. Depois de apresentar o “gastograma”, pediu para que cada participante fizesse seu próprio projeto de aposentadoria, o que foi apresentado para o grupo.

O encontro encerrou com uma meditação dirigida pelo P. Marcos Bechert que apontou para a importância do chamado para o ministério com ordenação na IECLB e incentivou a criação de redes de apoio para este importante período da vida.
 

COMUNICAÇÃO
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Eu recomendo que ninguém exponha os seus filhos a lugar algum no qual a Escritura Sagrada não reina.
Martim Lutero
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